A carreira médica é cheia de pontos de decisão e é comum, mesmo depois de seis anos de formação acadêmica, surgirem dúvidas na hora de optar por qual especialidade seguir. Afinidade, remuneração, rotina clínica ou cirúrgica, tudo pesa na hora da escolha. No caso da Oftalmologia, o quesito afinidade pode ser um pouco prejudicado pelo curto contato que os alunos costumam ter com a especialidade, durante a graduação. A carga horária no internato varia de acordo com a instituição, mas os rodízios na Oftalmologia costumam girar em torno de duas semanas.
Sem o dia a dia para se familiarizar com as práticas, muitos estudantes se juntam a grupos de interesse ou se aproximam de profissionais conhecidos em suas redondezas. Outra boa forma de ir criando laços e se conectando com a área é por meio das ligas acadêmicas, associações de alunos, sem fins lucrativos, que são reconhecidas pelas instituições de ensino.
Pra entender um pouco mais sobre o que pensam os acadêmicos a respeito desse momento que antecede a residência médica, conversamos com a Anna Paula Nassaralla, estudante do 9º período da Universidade Evangélica de Goiás e atual presidente da Associação Brasileira das Ligas Acadêmicas de Oftalmologia (ABLAO). De acordo com ela, o principal objetivo das ligas é aprimorar conhecimentos específicos, teóricos e práticos. “Promovemos atividades, aulas e discussões extracurriculares que se apoiam nos pilares das universidades brasileiras: Ensino, Pesquisa e Extensão. Assim, os discentes podem se dedicar, de forma homogênea, tanto à produção universitária quanto às atividades sociais e culturais.”, explica Anna Paula.
Atualmente a Associação tem contato com cerca de 1500 acadêmicos. “Dentro da ABLAO, tentamos desenvolver o sentimento de trabalho em equipe entre Ligas de todo o país. Seus representantes se comunicam, elaboram ideias em conjunto e trocam experiências em prol dessa constante busca pelo conhecimento.”, diz Anna. Na prática, essa rede favorece os estudos e a busca de oportunidades.
Como professoras, é muito comum ouvirmos entre os estudantes de medicina que Oftalmologia deveria ser um curso independente na área de saúde, como a Odontologia, por exemplo. Indagada sobre isso, Anna confirma que essas conversas acontecem entre os associados também. “A Oftalmologia se apresenta à parte, dando a falsa impressão de que é individual, em relação a todo o restante do organismo. Porém, sabemos que se contentar em estudar apenas o globo ocular e seus anexos, não é suficiente. Para se tornar um bom clínico, é fundamental compreender toda a medicina, já que várias patologias sistêmicas podem apresentar repercussões oculares.”
Entrei na residência. E agora?
Mesmo depois da escolha pela residência em Oftalmologia, alguns aspectos precisam se considerados. As matrizes curriculares são diferenciadas, dependendo da instituição. Em linhas gerais, o conselho é: tire o máximo de proveito do que o serviço oferece e corra atrás do que sentir falta.
“Cada residência tem suas vantagens e desvantagens e, apesar de muitos aspectos serem desanimadores, criticar não vai garantir que você tenha uma formação melhor. Então, o certo é extrair o máximo possível do que está ao seu alcance e, caso você sinta que algo é insuficiente, aí sim, deve procurar uma alternativa para suprir as necessidades. Se falta ensino teórico, existem inúmeros cursos para ajudar a complementar. Se falta prática cirúrgica, procure um mentor para acompanhar, que possa te ajudar e te permita crescer como cirurgião. Seja criativo.”, finaliza Anna Paula.
Até a próxima!
Dra. Ana Carolina Vieira e Dra. Tatiana Prazeres, fundadoras do In.Sight Instituto.